Fabricadas em sua parte mecânica pela American Locomotive Company e parte elétrica na General Eletric nos Estados Unidos para a Companhia Paulista de Estradas de Ferro no ano de 1921 num lote de 8 unidades para carga, (figs 01 e 02) essas locomotivas elétricas de rodagem B+B foram as primeiras no Brasil,(figs 03 e 04) inicialmente numeradas de 204 a 211 e destacadas para tracionar trens de carga por
possuírem uma relação de engrenagens que proporcionava um maior esforço de tração logo menos velocidade, (fig 05) enquanto suas irmãs numeradas de 200 a 203 de um lote de 4 unidades de mesmo modelo mas com a rodagem 2-B+B-2 com menos esforço de tração e mais velocidade foram destacadas para trens de passageiros, (fig 06) trabalharam inicialmente no trecho pioneiro da eletrificação entre Jundiaí Paulista e Campinas inaugurado em 1922, (figs 07 e 08) com a extensão do trecho eletrificado em 1925 até Tatu, 1926 até Rio Claro e 1928 até Rincão pela linha tronco principal sentido as B+B, já renumeradas de 400 a 407, passaram a atender outros trechos e pátios fazendo serviços esporádicos com trens de passageiros e também, após a encomenda de outras locomotivas elétricas maiores, passaram a atender o trecho com fortes rampas entre Batovi e Itirapina, onde as composições de carga eram fracionadas nos pátios dessas duas estações podendo as locomotivas vencer as rampas com mais facilidade, principalmente entre Batovi/Camaquã e Itapé/Ubá.
Fig 01: As Boxcab em construção na ALCO em 1921. |
Fig. 02: Uma das Boxcab sendo manobrada no pátio da fábrica. |
Fig 03: Desembarque das Boxcab no Porto de Santos. |
Fig. 04: Desembarque das Boxcab no Porto de Santos. |
Fig 05: A 210 tracionando trem de carga. |
Fig. 06: Uma das “irmãs” 2-B+B-2 tracionando trem de passageiros. |
Fig 07: Locomotivas Boxcab no depósito. |
Fig. 08: Locomotivas Boxcab no depósito. |
Após a chegada das locomotivas "V8" e do alargamento da bitola e eletrificação de Itirapina a Jaú pelo tronco oeste em 1941 as B+B tiveram seu serviço de cargas intensificado, com a bitola alargada de Pederneiras até Bauru em 1947 recebendo eletrificação em 1948 e em 1954 a bitola larga já presente e eletrificação do tronco oeste chegou em Cabrália Paulista onde foi sua extremidade, na segunda metade da década de 1960 essas locomotivas começaram a sofrer com um desfalque de peças de reposição, mas como a CPEF não possuía elétricas versáteis e de menor porte com potência suficiente as B+B tiveram sua vida útil prolongada, trabalhando no trecho sinuoso da serra de Piratininga entre Bauru e Cabrália, inclusive tracionando trens de passageiros seja paradores, noturnos ou expressos como o trem “R” (fig 09)
Já na FEPASA, renumeradas de 6401 a 6408 e após a erradicação do trecho até Garça Velha entre Bauru e Cabrália em detrimento da construção do trecho retificado para Garça Nova as B+B foram rebaixadas para tracionar trens de solda e manobras em pátios, ao fim da década de 1970 todas as unidades foram baixadas e no início da década de 1980,(fig 10) 7 das 8 unidades foram sucateadas e cortadas, a unidade 6405 ex 209 foi resgatada e levada para a G.E. do Brasil em Campinas com fins de preservação e restauro operacional o qual não obteve êxito, em 2005 a ABPF resgatou essa unidade sendo preservada na Regional São Paulo sendo junto com a 2-B+B-2 #300 em Jundiaí as únicas duas locomotivas elétricas pioneiras remanescentes no Brasil.
- Fabricante: General Electric e American Locomotive Company
- Data de fabricação: maio de 1921
- Número de série: 8007
- Tipo: B-B
- Tensão: 3.000 Volts
- Diâmetro das rodas motrizes: 1066mm
- Peso total: 88.900kg (locomotiva em ordem de marcha)
- Potência: 1.450hp
- Bitola: 1,60m
- Ferrovia original: Cia. Paulista de E. F. e FEPASA